O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (12) que o Ocidente estaria enfrentando diretamente a Rússia se permitisse que a Ucrânia atacasse o território russo com mísseis de longo alcance fabricados no Ocidente, uma medida que, segundo ele, alteraria a natureza e o escopo do conflito.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem há meses pedindo a aliados que autorizem Kiev a utilizar mísseis de longo alcance norte-americanos chamados ATACMS e os britânicos Storm Shadows dentro do território russo para limitar a capacidade de ataque de Moscou.

Em um dos comentários mais diretos e agressivos até o momento, Putin afirmou que tal medida arrastaria os países que fornecem mísseis de longo alcance a Kiev diretamente para a guerra, uma vez que os dados de segmentação por satélite e a programação das trajetórias de voo dos mísseis teriam que ser feitos por militares da OTAN, já que Kiev não tem capacidade para isso sozinha.

“Portanto, não se trata de permitir que o regime ucraniano ataque a Rússia com essas armas ou não. É uma questão de decidir se os países da OTAN estão ou não diretamente envolvidos em um conflito militar”, disse Putin à televisão estatal russa.

“Se essa decisão for tomada, significará nada menos do que o envolvimento direto dos países da OTAN, dos Estados Unidos e dos países europeus na guerra na Ucrânia. Esta será a sua participação direta, e isso, claro, mudará significativamente a própria essência e a natureza do conflito.”

A Rússia se veria forçada a tomar o que Putin chamou de “decisões apropriadas” com base nas novas ameaças. Ele não detalhou quais medidas poderiam ser tomadas, mas já mencionou no passado a possibilidade de fornecer armamento russo a inimigos do Ocidente para atacar alvos no exterior e, em junho, falou sobre a implantação de mísseis convencionais a uma distância de ataque dos Estados Unidos e seus aliados europeus.

Como a maior potência nuclear do mundo, a Rússia também está revisando sua doutrina nuclear — as circunstâncias em que Moscou usaria armas nucleares — e Putin está sendo pressionado por aliados linha dura a alterá-la para declarar a disposição da Rússia de utilizar armas nucleares contra países que “apoiam a agressão da OTAN na Ucrânia”.

A Rússia também está realizando grandes exercícios navais com a China e considera restrições às exportações de suas principais commodities.

O Ocidente debate a decisão de permitir ou não que Kiev utilize armas de longo alcance como parte da resposta ao que classificam como uma escalada na guerra por parte de Moscou, que, afirmam, teria recebido mísseis do Irã. Teerã classificou as alegações como “propaganda feia”.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 2022 com dezenas de milhares de tropas, iniciando o maior confronto entre russos e ocidentais desde a Guerra Fria.

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